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Intemporalidade do tempo.

Nada neste mundo agrada mais o escritor que juntar duas palavras que pouco ou nada a significam mas que à primeira vista parecem um conceito único e profundo que desafia a capacidade filosófica e intelectual do leitor. Se fosse uma dessas farsas que por aí anda a manchar o bom nome da literatura com palavras ocas, deixaria aqui esta combinação de palavras “intemporalidade do tempo” e disfarçaria a minha incapacidade de explicar com uma qualquer frase pseudo-intelectual que me fizesse parecer inteligente (algo que não sou) como: “ convido-vos agora a refletir sobre este tema para que cheguem à vossa própria interpretação do mesmo, já que o tópico discussão em discussão não se trata de um conceito estanque e pode possuir um significado diferente para cada leitor” desculpa esfarrapada que provavelmente já usei no passado e hoje tenho a audácia de criticar, mais um enorme testamento à minha hipocrisia.

Contudo se já fui uma fraude hoje em dia já o não sou e estou aqui para o provar. Muitas vezes os conceitos que parecem ser simples acabam por ficar sem explicação exatamente porque parecem e não o são de facto. Por isso hoje volto a um tópico recorrente na minha escrita, o tempo, algo que me fascina profundamente. O facto de cada momento ser único em si mesmo e a certeza que não existe qualquer forma de recuperar o passado faz-me ficar pasmado com a passividade e a moleza com que encaramos este longo intervalo de tempo entre o nascimento e a morte que muitos chamam de vida.

Os exemplos são vários e desta vez faço uma introspecção e deixo de parte a minha hipocrisia para FINALMENTE fazer uma crítica à minha pessoa. Como objeto de estudo vamos analisar a incompetência que assombrou o meu dia de ontem e os últimos 4 meses da minha existência.

Começando pelo dia de ontem, dia esse passado na minha nova casa na espetacularmente banal cidade de Pau neste país de terceiro mundo em que vivo chamado França um incrível domingo nublado cheio de potencialidades no qual eu não fiz a verdadeira ponta de um c****** pois por volta das 14 horas fiquei sem eletricidade e tomei a decisão que qualquer adolescente inútil como eu tomaria e fiquei sentado no sofá a consumir dados e a tentar sugar bateria de todas as maléficas invenções capitalistas até que todas lentamente colapsassem uma por uma deixando me sozinho na escuridão da noite, isto claro enquanto podia ter feito mil e uma diferentes coisas interessantes. Podia ter passado o dia inteiro a ler mas esperei até à noite e “ups agora não tenho luz que chatice” , podia ter ido passear, deitar-me nos extensos campos verdejantes franceses, cheirar flores, banhar-me no rio, e toda uma extensa lista de ações que me fizessem sentir vivo e questionar a minha preciosa masculinidade mas não. Fodasse António podias dar tanto mais ao mundo caralho só que tinhas que ficar sem bateria em todos os dispositivos para te lembrares que tens uma página morta a apanhar pó no Instagram para ires escrever qualquer coisinha meu monte de merda. Miserável…

O segundo exemplo são estes últimos 4 meses nos quais não escrevi uma única palavra. Uma gaita de um vocábulo, não dediquei um segundo que fosse a este dolorosa arte que é a escrita e contentei-me em ser igual ao resto. Pensem bem as experiências que eu tive nos últimos meses sobre as quais podia escrever, refletir, crescer e depois partilhar com vocês, podia falar de noites épicas, amizades, aventuras, Roman… não isso não tenho nada para contar, sex… não isso não tenho para contar, uma final perdida, várias lágrimas, e tantos outras peripécias da vida de um vândalo que vai destruindo belas vilas pela costa vicentina durante a época balnear. Contudo nada… limitei-me a “puto viste a chapa da Sommer Ray?”. António podias dar tanto mais a deus nosso senhor. Porque é que não fazes por desvalorizar esse deprimente facto que é a passagem do tempo?? Porque te contentas com a mediocridade? Enfim, já estou a ficar repetitivo, era só isto.

Em suma, façam coisas.

Por aqui tudo bem. Saudades de todos, amo-te mãe.

Até à próxima.

António.



PS: Ignorem o título não quer bem dizer nada.

 
 
 

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