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Adolescência

Adolescência


Que tema gasto, pisado, espremido e ironicamente velho. Eu sei que é.

Mas a verdade é que hoje me apeteceu pegar neste livro de capa rasgada e marcas de café nas páginas que é a adolescência, e sujar ainda mais.

Num dia temos 12 anos, passamos as tardes a comer Chocapic, a andar descalços e a "jogar à bola” no jardim, quando acidentalmente ultrapassamos a janela aberta, partimos o espelho da vizinha e pumba, já foi: 7 anos de azar. Como uma pessoa que não acredita em superstições isto foi mesmo uma chapada de luva branca, mas pronto, é a lei da vida.

7 anos inteiros de emoções à flor da pele, 7 anos em que aprendemos a conhecer-nos a nós próprios, tanto física como psicologicamente.

Que loucura de idade. O mundo que tentávamos imitar passa de abstrato a realidade e, com ele, a coca-cola torna-se cerveja, o pau do chupa-chupa o cigarro e rapidamente a verdade começa a escorregar para a mentira. As noites sem dormir são as mais comuns, seja por horas a dançar numa discoteca ou conversas e pessoas que nos tiram o sono. Entramos na idade onde, infelizmente, as relações em que existe menos compromisso, são as que se vê maior entrega. Onde, mesmo sem querer, as influências são quase sempre más. Facilmente nos deparamos com a verdade dos “melhores e piores anos da nossa vida”: são uma estrada com buracos, e vamos todos cair.

Tenho 16 anos, ja completei metade da sentença, mais 3 e saio em liberdade (ou não, dependendo do ponto de vista). Metade disto feito e tenho a dizer que de facto não acredito em superstições. São 7 anos sim, mas se fosse eu a bruxa não lhes chamaria de azar. Sorte, arrisco-me.

A adolescência é de facto a altura mais atribulada da nossa vida. De manhã gostamos do Zé, à tarde do Gonçalo. Ontem julgávamos quem vestia roxo e hoje saímos à rua em modo beringela. Queremos ser todos diferentes uns dos outros e só com este pensamento voltamos logo a ser todos iguais. Fogo… cansa. Mas sendo muito sincera, não mudaria nada. Cada drama e parvoíce são precisos, cada amizade que fazemos, cada discussão, cada corte de cabelo, é tudo preciso para, quando estes anos chegarem ao fim, nos revelarmos “adultos” (com aspas porque vá, ninguém é 100% adulto) e acrescentar ao nosso nome uma personalidade que de facto, é a nossa.

Assim, cara vizinha, não me arrependo nada desse espelho partido. Não só porque na altura pus os meus amigos todos a rir, mas também porque recebi esta grande salada russa de anos confusos e completamente espetaculares. Por isso olhem, agradeçam as borbulhas e as mudanças de humor, que isto no fim há de valer a pena.

Carlota Matta.

 
 
 

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