Mãe! Mãe! Quero ser corrupto.

Mãe! Mãe! Quero Ser Corrupto.

Que belo momento: um filho corre pelos corredores da casa depois de ver Cristiano Ronaldo marcar um “hat-trick” e grita “Mãe! quando for grande quero ser jogador de futebol!” Ainda bem que os pais não têm coragem de mentir aos filhos: eram capazes de partir alguns corações.

Algo que me entristece profundamente é o facto de não haver um único miúdo que, depois de ver brilhantes actos de corrupção no telejornal da SIC, (como os geniais emprestimos de Sócrates ou os famosos prémios milionários de Ricardo Salgado), que diga aos seus pais “Mamã! Papá! Quando crescer vou ser o melhor corrupto do mundo”. Se fosse assim os pais nem precisavam de mentir aos miúdos! Bastava incentivar os putos a seguirem aquilo a que eu gosto de chamar o “Portuguese Dream”. No entanto, apesar da corrupção ser um dos maiores setores da nossa economia há já várias décadas, não há um Miudo que sonhe em, um dia, ao abrir a garagem da sua casa no Algarve, olhar para os seus 12 carros, abraçar o filho e com uma lágrima no canto olho e dizer “se um dia quiseres tudo isto... só existe uma maneira filho, a corrupção.” Estou a chorar, pensei que momentos como este só existissem nos filmes! Enfim, lindo!

Pergunto-me como é que é possível num país reconhecido internacionalmente pela sua corrupção, com alguns dos corruptos mais ilustres do mundo, se esteja a perder esta tradição que nos é tão querida! Inexplicável... Quer dizer, só se forem as rígidas, efectivas e excruciantes medidas aplicadas pelo nosso governo Socialista e a eficácia brutal do nosso sistema Judicial que, juntos, formam uma dupla imparavel nesta incansável luta contra a corrupção! Amigaços! Ai...enganei-me gatunos!

Já nem sabemos valorizar aquilo que temos de bom, estão à espera do quê?

Salvem a corrupção! Salvem Portugal!

A ironia é linda! Espero que o percebam. Quem sabe se um dia, tal como todos os outros que lá a cima chegaram, me vou deixar iludir e deixar mal todos os que acreditaram em mim?

Sei eu!

Temos um país para salvar.

António Guedes de Sousa.